Pesquisar no Blog

Google-Translate-ChineseGoogle-Translate-Portuguese to FrenchGoogle-Translate-Portuguese to GermanGoogle-Translate-Portuguese to ItalianGoogle-Translate-Portuguese to JapaneseGoogle-Translate-Portuguese to EnglishGoogle-Translate-Portuguese to RussianGoogle-Translate-Portuguese to Spanish

Movimento Fé e Trabalho: um breve histórico

Postado por Roberto Marques,

          O Movimento Fé e Trabalho é conhecido por vários outros nomes como Marketplace Movement [Movimento no Mercado de Trabalho], Marketplace Ministry [Ministério no Mercado de Trabalho], Workplace Ministry [Ministério do Trabalho], Ministry in Daily Life [Ministério em Vida Quotidiana], Work-Life Ministry [Ministério do Trabalho-Vida] e Faith and Work Movement [Movimento Fé e trabalho]. Alguns outros nomes enfatizando a espiritualidade foram utilizados como Workplace Spirituality [Espiritualidade no Local de Trabalho], Spirituality at Work [Espiritualidade no trabalho], a Spirituality of Work [Espiritualidade do Trabalho] e a Spirituality in the Workplace [Espiritualidade no Local de Trabalho]; no entanto, estes termos são normalmente usados pelo movimento de espiritualidade no local de trabalho que tem floresceu desde finais de 1990 e incorpora uma fé com mais ampla perspectiva do que apenas o cristianismo. David Miller, que se concentra apenas no Cristianismo em seu livro God at Work [Deus no Trabalho], vê o Movimento Fé e Trabalho “compreendendo quase todas as grandes religiões”. Nancy Smith, autora de Workplace Spirituality [Espiritualidade no Local de Trabalho], concorda e “olha para a moralidade e ética como comuns à maioria das religiões do mundo”.

Os pioneiros
          O Movimento Fé e Trabalho existe há mais de 70 anos. Podemos considerar que o ponto de partida histórico foi 1930, quando o Cristian Business Men's Committee [Comitê dos homens de negócios cristãos] foi estruturado. O CBMC nasceu de um profundo desejo da parte dos empresários de Chicago de compartilhar sua fé com seus iguais descrentes. Suas atividades, realizadas por executivos, abrangiam almoços missionários, reuniões evangelísticas nas ruas, cruzadas por toda cidade, programas de rádio, visitas às prisões, conferências e outras programações cujo objetivo era ajudar pessoas a encontrar a Cristo. O movimento CBMC expandiu-se nacional e internacionalmente. O CBMC reteve seu acrônimo, mas mudou seu nome para Chistian Bussiness Mens Connection, cuja sede atual é Atlanta, Georgia, EUA.
          Outro pioneiro é a Full Gospel Business Men’s Fellowship Internacional [Companhia internacional dos homens de negócio do evangelho pleno], que data de 1951. A FGBMFI foi fundada por Demos Shakarian, produtor de laticínios da Califórnia. A visão de Shakarian era reunir os homens de negócios de todas as denominações para formar uma rede na qual pudessem compartilhar sua fé em Cristo. Os encontros são geralmente realizados em um saguão de hotel ou em um restaurante onde um executivos dá seu testemunho sobre como Jesus fez uma diferença pessoal em sua vida. Em contraste com o CBMC, que se posicionou na corrente evangélica não carismática, a FGBMFI seguiu a corrente pentecostal, enfatizando o avivamento, cura divina, o falar em línguas e a libertação de demônios. A FGBMFI espalhou-se rapidamente por todos os Estados Unidos e, por fim, alcançou 134 nações, inclusive o Brasil.
          No Brasil, o Movimento Fé e Trabalho começou em 1961 com a criação da Associação de Dirigentes Cristãos - ADCE e foi ampliado em 1982 com a Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno - ADHONEP, que tornou-se uma grande força no país e também em toda América Latina.

Tensão com a Igreja
          O CBMC e a FGBMFI reconhecem o grande papel que a igreja local desempenha. A maioria de seus líderes são membros de igreja. Entretanto, concluíram que a força para o evangelismo no mercado de trabalho não seria formada por pastores, mas por homens de negócios. Eles também perceberam que, mesmo depois que os executivos eram levados a Cristo, a maioria das igrejas não estava preparada para alimentar esses novos convertidos em sua fé. Concluíram, portanto, que os homens de negócios seriam potencialmente mais bem-sucedidos que um pastor não apenas no evangelismo, mas também no acompanhamento dos novos convertidos.
          Embora tenha sido enfatizado que o ministério de “homens de negócio” não era um concorrente ou substituto da igreja local, muitos pastores tradicionais, que não se ajustaram a essa nova abordagem, se sentiram ameaçados por essa nova organização de comunhão ecumênica aberta a todos, surgindo um início de tensão entre igrejas locais e o movimento.

Importante intensificação
          Embora outros ministérios para o ambiente de trabalho, como o CBMC e a FGBMFI, tenham sido fundados em 1980, a intensificação do movimento fé-e-trabalho foi basicamente um fenômeno da década de 1990, onde foram identificados apenas 50 ministérios formais no ambiente de trabalho. Por volta de 2000 havia aproximadamente 350 títulos publicados sobre a conexão entre fé e ambiente de trabalho, e os primeiros livros foram publicados na década de 1930. Em 20005 foram identificados 14 mil organizações buscando integrar a fé e o trabalho, e havia mais de dois mil títulos sobre a conexão entre fé e mercado de trabalho, escritos por cristão, alguns dos quais focavam a liderança e a gestão, e outros tratavam de questões que todos os trabalhadores cristãos enfrentam. Desde essa época, o movimento só aumentou, e mais e mais organizações e publicações se incluem nessa categoria.

O pensamento evolui
          Muitos dos livros escritos até a década de 1960 refletem a visão de que o ambiente de trabalho era “o mundo”. Os cristãos faziam parte da igreja e, portanto, precisavam aprender a estar no mundo, sem ser do mundo. O mundo era um lugar de excursões financeiras e a igreja um porto seguro. Por volta da década de 1970, a influencia do CBMC e da FGBMFI começava a ser notada por meio de livros que exortavam os cristão a considerar o ambiente de trabalho como um desafio evangelístico. Os cristãos passaram a reconhecer que Deus os colocara no ambiente de trabalho a fim de lhes dar a oportunidade de levar os descrentes a Cristo.
          A partir da década de 1980 escritores começaram a analisar como os princípios cristãos deveriam influenciar os cristãos nos negócios. Alguns estimulavam os homens de negócios cristãos a fazer todas as mudanças que fossem necessárias em suas empresas a fim de refletir o melhor da moralidade e da ética bíblicas.
          Foi na década de 1990 que muitos autores desse tema começaram a compreender que "Aquilo que os cristãos fazem no ambiente de trabalho é uma forma legítima de ministério cristão" (Peter Wagner). Esse conceito é também a premissa básica do Movimento Fé e Trabalho. Apoiado nessa idéia, David Miller fundou em 1990 o Avodah Institute, para ajudar os líderes a integrar a afirmação de sua fé com as exigências de seu trabalho.
         O propósito principal da compreensão do trabalho como ministério é o de tornar-se um agente de Deus para assumir o domínio (Ex 1.28)

Importantes publicações
          Muitos líderes do mercado de trabalho consideram o lançamento do número da revista Fortune [Fortuna] de 9 de julho de 2001, escrito por Marc Gunther, com matéria de capa “Deus e os negócios” e subtítulo “A surpreendente busca pela renovação espiritual nos ambientes de trabalho norte-americanos”, como um divisor de águas no Movimento Fé e Trabalho. Outra matéria de capa igualmente extraordinária foi publicada em 31 de outubro de 2004 pelo New York Times Magazine por Russell Shorto com otítulo With God at Our Desks: The Rise of Religion and Evangelism in the American Workplace [Com Deus em nossa mesa de trabalho: o crescimento da religião e do evangelismo no ambiente de trabalho nos Estados Unidos”]. Shorto lembra a seus leitores que Jesus pregou suas mensagens no mercado de trabalho, onde prestamistas, pessoas que emprestavam dinheiro a juros, exerciam suas funções. Dois importantes livros marcaram o movimento: Church on Sunday, Work on Monday [Igreja aos domingos, trabalho às segundas], de Laura Nash e Scotty McLennan (Jossey Bass, 2001) e Anointed for Business [Ungido para negócios], de Ed Silvoso (Regal Books, 2002).
          No Brasil, registramos a importante matéria de capa “Deus Ajuda?” e subtítulo “O tema da espiritualidade está tomando conta do mundo corporativo. A questão é: por quê? E como ele pode transformar as empresas?” por David Cohen, publicada em 23 de janeiro de 2002.
Muitos livros importantes foram publicados no Brasil com os tema fé e trabalho, espiritualidade no trabalho e Sucesso nos negócios à luz da Bíblia, mas destaco os seguintes: "Empresa com Alma", de Francisco Gomes de Matos (Editora Makron, 2001), "Deus no Trabalho", de Ken Costa (Editora Esperança, 2009) e o excepcional "Os Cristãos no Ambiente de Trabalho", de Peter Wagner (Editora Vida, 2007).
          Um contribuição significativa à conexão fé e trabalho foi "A carta Encíclica de João Paulo II sobre O TRABALHO HUMANO" (Editora Paulinas, 2003), onde concordamos com o seguite pensamento: "O cristão que está atento em ouvir a Palavra de Deus vivo, unindo o trabalho à oração, procure saber que lugar ocupa o seu trabalho não somente no progresso terreno, mas também no desenvolvimento do Reino de Deus, para o qual todos somos chamados pela potência do Espírito Santo e pela palavra do Evangelho (p. 97 - negrito nosso)."

Fontes:
- Peter Wagner. Os cristãos no ambiente de trabalho. São Paulo: Editora Vida, 2007, p.94-103.
- Douglas Woolley. Theology of work and its practical implications. http://www.dougandmarsha.com/essays-seminary/ch31_theology_of_work.pdf

Related Posts with Thumbnails