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TEOLOGIA DO CAPITAL

Postado por Roberto Marques,

      Como surgiu o espírito capitalista que permeia o pensamento da igreja cristã moderna?

      Max Weber (1864-1920), considerado um dos fundadores da Sociologia, em sua obra mais famosa A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1904), diz que a resposta está, paradoxalmente, na teologia protestante e sua estreita ligação com as mudanças nas atividades econômicas da sociedade no século XVII - o século precedente à Revolução Industrial. Para Weber, os pioneiros do capitalismo pertenciam às seitas puritanas, que acreditavam que o êxito econômico era como uma bênção de Deus.
     Essa crença foi importada para o Novo Mundo gerando o modo de vida capitalista nos Estados Unidos – a busca disciplinada da riqueza mediante o trabalho ordenado -, que logo se espalharia pelo Ocidente. A visão crítica de Weber sobre o capitalismo ajudou a formar o pensamento marxista do século XX.

A Reforma Protestante
      Antes do advento da modernidade capitalista a cultura de negócios era caracterizada por ganhar o suficiente para suprir as necessidades básicas. A ideia bíblica pregada pelo catolicismo era que a riqueza é um grande obstáculo para a ascensão espiritual. O desejo de lucro era considerado vil. Por isso, o trabalhador não alimentava o desejo de obter lucro.
      Até o fim da Idade Média, mesmo diante de um cenário de poder e riqueza papal, a Igreja Católica pregava ao os méritos da frugalidade e do desapego aos bens materiais. A doutrina de Jesus advertindo sobre “os cuidados, e riquezas, deleites da vida” (Lc 8.14) sobrevivia na cultura e na ética popular.
      Com o advento da Reforma Protestante, essa crença começou a mudar. Martinho Lutero (1483-1546). Em sua tese do sacerdócio universal demonstrava como bíblica a noção de que Deus é eficazmente glorificado na vida familiar e no trabalho honesto do dia-a-dia.
      O Lutero redimiu o trabalho, mas foi João Calvino (1509-1564) que elaborou a teologia que perdura até hoje: a riqueza é uma dádiva divina. Segundo a enfática doutrina calvinista da predestinação - Deus escolheu algumas pessoas para a salvação eterna e outras para a perdição eterna -, o sinal visível do eleito ao paraíso seria o sucesso econômico. Por outro lado, o fracasso nos negócios era a marca indelével dos perdidos.
      Para o calvinismo, indicações bíblicas como “tudo quanto fizer prosperará” (Sl 1.3) e a “parábola dos talentos” (Mt 25.14-30) demonstravam que ser um sujeito empreendedor produzia grave evidência de que o indivíduo estava entre os escolhidos de Deus. Já para estar entre os perdidos bastava viver de modo negligente para com os recursos sob seu usufruto.
      “O sucesso no trabalho se tornava sinal de eleição e que os frutos deste trabalho permitiam organizar melhor o regime social, concebido também como uma glorificação de Deus”1
      Segundo a ideia calvinista, abrir mão de seus privilégios equivale a contrariar à vontade de Deus. A liberalidade violava frontalmente a vontade de Deus, já que era somente pelo trabalho de suas próprias mãos que os eleitos tinham como produzir evidência de sua salvação.
      “Pronto: aquilo que durante a Idade Média absolutamente não se tolerava era agora encorajado diretamente, e com a severa sanção da teologia revista e atualizada. A vida de cada cristão deveria ser a partir de agora uma cruzada pessoal em busca do lucro ilimitado. A riqueza e a prosperidade passaram a ser dever religioso; a generosidade, insidiosa tentação.
      Nascia o que Weber chama de “ética protestante do trabalho” – visão de mundo que glorifica a diligência, a pontualidade, a economia, a austeridade e a inelutável supremacia do ambiente de trabalho.
      Na Europa essa nova ética do trabalho teve que lutar contra séculos de ranço e resistência católica. Importada com sucesso para o Novo Mundo, pelos puritanos, ela geraria os Estados Unidos, com seus milagres e contradições.”2

Fontes:
1. Julien Freund . http://www.consciencia.org/max-weber-e-a-etica-protestante-e-o-espirito-do-capitalismo-julien-freund
2. Paulo Brabo. Os Discursos Ausentes: Prosperidade. http://www.baciadasalmas.com/index.php?s=prosperidade&Busca=Busca
3. __________. As contradições da prosperidade. http://www.baciadasalmas.com/index.php?s=prosperidade&Busca=Busca
____________. A Teologia do Capital. http://www.baciadasalmas.com/2006/a-teologia-do-capital/
SHVOONG. A ética protestante e o espírito do capitalismo. http://pt.shvoong.com/social-sciences/sociology/1665905-%C3%A9tica-protestante-esp%C3%ADrito-capitalismo/

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