Existe uma crença no mundo de que a fé é incompatível com o sucesso profissional. “Religião e negócios não se misturam”, dizem por aí.
A Igreja, por sua vez, tem considerado o Trabalho algo separado do reino espiritual e inferior a ele, desvalorizando a esfera material do ser humano e supervalorizado sua dimensão espiritual.
Quando localizamos o trabalho e as ocupações profissionais num mundo “inferior” desenvolvemos uma espiritualidade apenas verticalizada, sem considerar a realidade à volta, há uma tendência enorme de se fechar os olhos para as necessidades do mundo presente e fazer da crença no mundo porvir uma fuga da realidade.
A vida eterna no Céu é a realização plena da bendita esperança da Igreja, e não escapismo, alienação. Enquanto esse glorioso dia não chega, continuamos dentro de um contexto em que os crentes, como portadores de uma mensagem de transformação social, devem voltar-se, simultaneamente e necessariamente, para as coisas do espírito integradas às demandas horizontais da vida, inclusive na vida profissional.
A Teologia do Trabalho é objeto de estudo de grandes teólogos brasileiros e internacionais. Ela busca uma perspectiva de superação da visão dualista entre o “sagrado” e o “profano”, que contaminou seriamente o cristianismo, no sentido da construção de novos cidadãos para uma nova sociedade, mais livre e mais justa.
O mandamento bíblico é claro: “E, tudo quando fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens." (Cl 3.23). O "tudo" aqui inclui, sem dúvida, o ambiente de trabalho.